O Último Ídolo (por Gus)

fevereiro 18, 2011 at 12:40 am 2 comentários

No dia 14 de fevereiro de 2011 o último ídolo incontestável dentro do futebol decidiu que era hora de parar. Muitos dizem que foi uma decisão tardia, mas a opinião entre especialistas e leigos é unânime em dizer que foi um dia triste. Usando palavras de Arnaldo Ribeiro: “Pra quem gosta de futebol parece que alguém próximo morreu.” Nenhum jogador em atividade se compara ao Ronaldo Luís Nazário de Lima, isso porque ele transcendeu o status de jogador de futebol e se tornou um exemplo de superação e somando a  isso o carisma enorme que possue. Pode-se dizer que se tornou tão grande quanto Pelé, Garrincha, Zico, Sócrates e etc… Muitos já devem ter lido ou visto em algum lugar sua trajetória então vou tentar dar mais atenção a detalhes menos falados.

Ronaldo começou sua carreira de futebol como qualquer jogador. Passou em uma peneira e começou a treinar no São Cristovão, time do Rio de Janeiro. Foi então comprado por US$7.500,00 por um primeiro empresário que acreditou em seu talento. Esse ofereceu o garoto ao Botafogo do RJ e São Paulo, mas ambos não aceitaram por achar o valor de U$25.000,00 pelo jogador de 14 anos muito caro. Jairzinho, ex-lateral da seleção brasileira da copa de 70, conhecido no meio futebolístico, viu Ronaldo no São Cristovão e o comprou por U$10.000,00 e o revendeu para o Cruzeiro. A primeira passagem pela seleção brasileira de Ronaldo foi justamente nessa época com a seleção Sub-17. Apesar de ter ido bem sendo artilheiro da competição com 8 gols, o Brasil terminou em quarto e não se classificou para o mundial da categoria pela primeira e única vez.

Com 16 anos estreou profissionalmente pelo Cruzeiro, atuando em amistosos e pelo Campeonato Brasileiro de 1993. Após os amistosos, alguns realizados em Portugal, a Inter de Milão fez sua primeira tentativa de contratar Ronaldo, oferecendo U$500.000,00 pelo garoto. Atuou também na Supercopa da Libertadores (um torneio com os campeões da Copa Libertadores da América), na Re-Copa Sulamericana (um jogo entre os campeões da Libertadores e atualmente Copa Sulamericana) e no Campeonato Mineiro de 1994. Deixou o Cruzeiro com 44 gols em 46 jogos para ir para o PSV Eindhoven da Holanda, pouco antes da copa de 1994, em uma transferência de U$6.000.000,00.

No PSV manteve o nível de atuações que teve no cruzeiro marcando 54 gols em 57 jogos. A Inter de Milão continuava de olho no atleta, o vice-presidente chegou a conversar pessoalmente com Ronaldo enquanto este estava a serviço da seleção brasileira, mas quem acabou sendo contratado foi outro jogador que havia sido convocado, o Caio Ribeiro (ele mesmo, que você vê ao lado de Tiago Laifer e ouve junto do Cleber Machado… NEGOCIÃO hein Inter!). Ronaldo ficou no PSV parte do ano de 94, 95 e em 96, insatisfeito com o técnico que resolveu deixá-lo no banco umas partidas, se transferiu para o Barcelona que pagou U$20.000.000,00. Em 95, no PSV, ele passou pela primeira cirurgia no joelho, uma raspagem da cartilagem, problema um tanto quanto comum.

Em 1996 depois das Olimpíadas de Atlanta, ele começa a jogar pelo Barcelona. Em 20 jogos fez 17 gols e, no fim daquele ano, ganhou seu primeiro troféu como melhor jogador do mundo pela FIFA. Foi nesse ano que os jornais Catalões começaram a chamá-lo de El Fenómeno.   Ele ficou no Barcelona por apenas uma temporada, 96/97 onde jogou 37 partidas, fez 34 gols e levantou dois canecos, Copa do Rei e a Recopa Européia. Depois de uma temporada, a Internazionale de Milão deve ter visto o bobagem que fez em optar pelo Caio e não pelo Ronaldo e o contratou pela bagatela de U$32.000.000,00.

Na Inter, teve a melhor temporada de sua carreira, a de 97/98, na qual fez 34 gols em 47 jogos, sendo vice artilheiro da Serie A (campeonato nacional Italiano) com seu time sendo vice campeão, e conquistando a Copa da UEFA (Atual Liga Europa). Nessa temporada conquistaria de novo o prêmio de melhor jogador pela FIFA e também receberia a Bola de Ouro da France Football. A temporada 98/99 começa com a convulsão antes da final da Copa do Mundo da França. A Inter jogaria mal e Ronaldo atuaria pouco por uma série de pequenas contusões ou compromissos com patrocinadores. Ele fez ao todo 28 partidas e marcou 15 gols. Na temporada seguinte ele se machuca pela primeira vez logo no inicio da temporada, e 5 meses depois se machuca novamente ficando ao todo 20 meses afastado do futebol. Em seu retorno, na temporada de 2001/2002 jogaria apenas 16 jogos marcando 7 gols.

Em 2002 ele tem o que é considerado por ele mesmo a sua conquista mais importante da sua carreira, que foi a Copa do Mundo do Japão. Ao retornar para Inter, a insatisfação com o técnico e os rumores que diziam que ele não aceitou bem ganhar menos que outros companheiros de equipe fizeram com que ele forçasse sua saída e se transferisse para o Real Madrid por U$43.000.000,00.

No Real ficaria por 5 temporadas jogando um total de 177 partidas e marcando 104 gols. No time merengue foi muito questionado no início e demorou a cair nas graças da torcida. Foi em sua primeira temporada que ele conquistou o primeiro e único campeonato nacional da sua carreira. A temporada 03/04 é a famosa temporada do elenco galáctico do Real que acabou por não vingar sendo um grande fracasso que se estendeu por outras duas temporadas. Na temporada 06/07 com a contratação de Van Nistelrooy e, constantemente criticado pelo seu peso, Ronaldo decide encerrar sua passagem pelo Real Madrid.

Acabou indo para o Milan que pagou por volta de U$10.000.000 somente para contratar o Fenômeno. Ficou por lá por 2 temporadas, no entanto não foi muito útil. Na temporada em que chegou o Milan havia sido punido pelo envolvimento na manipulação de resultados e tinha começado o campeonato com 8 pontos negativos. Na Champions League (mais importante torneio continental da Europa, a Libertadores deles) ele não poderia atuar porque a competição proíbe um jogador atuar por mais de um time, e ele já havia jogado pelo Real. No Milan descobriu seu problema de hipotireoidismo, se tratou, emagreceu 5 quilos para temporada seguinte, e, após entrar em uma partida contra o Livorno, em seu primeiro lance, estourou o joelho de novo. Pelo Milan jogou 20 partidas e marcou 9 gols. Com a lesão o Milan decidiu por não renovar seu contrato e foi a primeira vez que o Fenômeno ficou sem clube.

Como jogador livre, após se recuperar da cirugia no joelho em 2009 acertou sua transferência de volta para o futebol brasileiro, para o Corinthians. No Corinthians jogaria de fato uma temporada, a do ano de 2009, na qual conquistou o Campeonato Paulista de forma invicta, e a Copa do Brasil. Em 2009 ronaldo atuou em 38 jogos e marcou 23 gols. No ano seguinte pequenas lesões acabaram por fazer ele jogar menos atuando atuando por 27 jogos e marcando 12 tentos. Ao todo pelo Corinthians foram 69 jogos e 35 gols marcados.

Em 2011 após a eliminação da Libertadores da América, torneio o qual Ronaldo não conquistou em sua carreira e principal motivação para ele, decidiu parar após mais uma pequena lesão, justificando que perdeu para o próprio corpo. Encerrou a carreira tendo participado de 517 jogos como profissional e marcado 352 gols, com 17 títulos na carreira e 27 prêmios individuais.

Ronaldo como jogador de futebol foi um dos jogadores mais carismáticos que o Brasil teve com sua vida enredada como em um filme hollywoodiano em que o mocinho apanha, quase morre, e volta para vencer de forma triunfal. O último jogador que estava em atividade que é comparável aos grandes nomes na história do futebol. Assim se encerra um ciclo de verdadeiros craques no futebol brasileiro. É difícil imaginar que surgirá um craque que se torne ídolo da forma como o futebol brasileiro está.

Gustavo A. Gabriel

Espero que tenham curtido o post colaborativo do Gus! Fiquem aí com um reel de alguns gols dele (música do Bon Jovi, sabe-se lá o porquê).

Até o próximo post e tchau!

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2 Comentários Add your own

  • 1. Mineiro  |  fevereiro 18, 2011 às 7:46 pm

    Melhor jogador brasileiro de que vi jogar. Ele começou a carreira suja e terminou suja, Cruzeiro-Corinthians. De resto tudo ok…

    Responder
  • 2. Kaká Attanazio  |  fevereiro 21, 2011 às 8:04 pm

    A história de superação dele é espetacular. Soma-se a isso a genialidade com a bola nos pés e não tem como não chamar o cara de ‘fenômeno’. Acho que devia ter parado em 2010, após o fiasco no Brasileiro. Desde a lesão na mão contra o Palmeiras, em 2009, tenho a dúvida se ele realmente tentou emagrecer ou foi só ‘levando’, pois apesar da forma física ainda era o fenômeno, capaz de deixar um zagueiro perdido vez por outra. Coloco isso pois o predador (Carlos Alberto, do Grêmio), em entrevista disse possuir a doença, ter descoberto, tratado e não possui problemas com isso. Mas enfim, nada que chegue a manchar a carreira genial.
    De resto destaco, obviamente, a copa de 2002. Felipão mesmo disse que confiava no Ronaldo, apesar dele estar voltando de contusão na época e ter feito apenas 7 jogos se não me engano, antes de estrear na copa. E todos duvidando e achando o Felipão maluco, por isso e por ter deixado o baixinho de fora também, então unanimidade pra vaga no Brasil. E deu no que deu, espetáculo outra vez…
    Dos que vi jogar, coloco Ronaldo em segundo lugar como melhor atacante. Gosto mais do meu primeiro colocado que o fenômeno, carismático. Pois é, falo do baixinho da colina. Não vi ninguém falando algo como ‘É, outro gênio se aposentando no cenário nacional’, fazendo alusão ao baixinho. Parece que Romário caiu no esquecimento (bem rápido não?!), pois não tinha esse carisma e sorriso estampado no rosto que estamos acostumados a ver do Ronaldo.
    Enfim, valeu Fenômeno!

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